26 de março de 2008

Fluído



Quero poder sonhar com você.
Deitado na sala de frente a tv.
Quero colorir o céu com a cor do mel.
Fumar meu cigarro e me viciar.
Concretizar e realizar, sonhos de um futuro que estão pra chegar.
Quero poder olhar pra tv.
Reflexo do ego num mundo a morrer!
Mas você não vai estar la.
Quando acordei deixei de sonhar.
Queria ter o que fazer num dia de chuva.
Sem nada a perder.
Sentado na sala olhando a tv.
Vejo o jornal o mundo morrer.
Pego a caneta e tento compor.
Tento fazer canções de amor.
Cego da alma um corpo a sofrer.
Sua pele me irrita, não da pra viver!

Ass: Diogo Coelho

O Despertar de um Não


Me acordei hoje, lembrando de você.
Me levantei e te fiz uma oração, para que você continue a me acompanhar, e acendi um cigarro, dando um gole de vinho tinto, amargando meu paladar.
Sentado em meus sonhos, esmaguei-os com minha sonora displicência.
Sentado em minha displicência, esmaguei meus sonhos com minha rugidez habitual.
Liberei meus demonios, só você me importa!
Liberei você, minha, sem algemas agora!
Seu sem algemas, acordando sem você.
Me busquei hoje e não me encontrei.
Não quiseram me ajudar.
Não quiseram me acordar.
Levantei, fiz uma oração.
Mas continuei dormindo.

Ass: Pedro Gazzinelli

Meme


Recebemos um "meme" da Cris do blog: http://crisbattaglia3.blogspot.com/
O Meme é essa imagem que ilustra esse post.
Não passarei pra frente, por enquanto, por não visitarmos nenhum blog e não termos nenhuma indicação.
Se futuramente tivermos, passaremos.
Grato a Cris e a todos que vistam nossos textos.

Ass: Pedro Gazzinelli, Diogo Coelho e Regies Celso

14 de março de 2008

Inspire


Me chame novamente, amor.
Me ligue de madrugada, de novo; quero você às 4h.
Retrospectiva emotiva do meu “não” no seu ouvido enquanto você diria sim para minhas lamúrias, sim, meu amor!
Quero só você soprando as minhas inspirações no meu rosto, que hoje sente essa brisa fraca corar minhas bochechas de frio.
O seu frio, que me atinge, e me esquenta de raiva por não poder tocá-la.
Sim, meu amor.
Meu anjo sem asas que eu nunca vi, nem verei, nem sonho, mas que me dizem: Sim, existe!
Quem existe amor?
Você inexiste em meus poemas porque não sei sua forma?
Porque não sei quem é?
Porque minhas falsas inspirações arcaicas inexplicáveis?
Me inspire de novo brisa.
Brisa.
Ventania novamente em meu rosto, sim!
Meu teto desabando em meu rosto.
Sinto sua poeira em minhas narinas me asfixiando.
Sua poeira de raiva em mim!
Não!
Hoje eu levanto, olho para o meu lado, meu travesseiro me incomoda, meus dedos estão ávidos!
Meus olhos agora estão atentos, minhas pupilas dilatam, sei sua roupa, seu cheiro!
Hoje eu sou feliz.

Ass: Pedro Gazzinelli de Barros

Irmão



Saudade de quem já não é presente em minha vida, perdi momentos dourados por orgulho, olho para traz e deixo cair uma lagrima pela minha face, descubro da forma mais difícil que o tempo é linear, o que passou não volta mais.
Não adianta acreditar que nada mudou, tudo mudou, choro porque sei que fingimos ser irmãos quando na verdade tentamos é ser melhores amigos, porque o laço irmão foi desfeito por culpa nossa.
É desesperador não te ter por perto, é sofrido o bater do coração.
Viro uma criança desenhando na minha imaginação aqueles corações com nossas fotos e nomes juntos.
O amor é isso, o eu te amo é isso. Confuso, faz você achar que eu falo de uma coisa quando na verdade estou falando de outra coisa.
Falo do amor de irmão, falo do carinho de irmão, tento pescar, você. Você ,o outro irmão e toda nossa família, tentando montar o quebra cabeça, mesmo sabendo que ele nunca vai ficar completo pois esta faltando uma peça, e essa peça sou eu.
É doído escutar uma canção e lembrar de todos juntos, e tentar apalpar aquele balãozinho de revista em quadrinho e descobrir que eles não são mais reais, são apenas lembranças.
Mesmo sendo assim, não desisto nunca, sempre encontro esperança nas palavras de alguém.
E hoje, mais do que tudo tenho certeza que vou conseguir.
Escutei a esperança eterna, escutei te amo.

Ass: Diogo Coelho

12 de março de 2008

Mosaico




Jogo com as palavras, arte, artesão da escrita.
Brinco com as letras, a-e-i-o-u.
Sou poeta, tenho licença para a usura de idéias nada a ver.
Sou um viajante do tempo, passado, presente, futuro.
Sou um alquimista, tradutor da emoção.
Sou sofrido.
Sou quadrado.
Sou um santo, sou um demônio, afinal sou ator.
Coração gelado, coração quente, vida louca, vida fácil, sou artista.
Sou você, sou eu.
Corre nicotina em minhas veias.
Inalo o cinza e exalo o colorido.
Faço um dia de chuva parecer uma tarde ensolarada no Caribe.
Moro em Margarittaville.
Tomo minha cachaça.
Fumo meu cigarro.
Chupo a laranja mecânica.
Mesmo você não acreditando posso fazer e ser de tudo um pouco, afinal sou poeta.
E você é quem?

Ass: Diogo Coelho

10 de março de 2008

Não




“Os pais se perdem pelos chifres e os homens pelas palavras.”



Flutuando, viajando, mole, só sou um fantasma de olhos vermelhos. Não.
Sou comum, só uma pessoa abstrata em um mundo concreto, aonde a formalidade ganha da palavra.
Não! Textos filosóficos e de personalidade perdem para teorias de um pseudo-intelectual puramente técnicas e primárias.
Sim, outra chance jogada pelo ralo, não, não mudei meu modo de vestir, continuou o mesmo cabeludo com a gravata sufocando e a roupa descombinando.
Paro para pensar em qual é o tamanho que me vejo no espelho, e descubro que sou só o João com sementes mágicas tentando subir para o universo de gigantes.
Quero ser ouvido, quero poder passar as minhas idéias e ser compreendido.
Por que ganhei um não quando só queria fazer alguém feliz?
Foda-se, continuo o mesmo cara que você desprezou e no futuro vai ser diferente.
Uma parede escrita no meu quarto traduz sentimentos imortais. Não.
Espero escrever um dia a técnica sempre almejada por vocês e odiada por mim.
Espero desfazer dos meu pensamentos.
Mesmo triste, espero te fazer feliz.

Ass: Diogo Coelho

5 de março de 2008

Forasteiro




Saudade de você, saudade da mamãe, saudade do papai, do meu cachorro, do meu irmão dos meus amigos, da minha vidinha simples de interior.
As vezes sou um jeca mesmo, daqueles que falam embolado e puxando um sotaque quase insuportável de escutar.
Quero acreditar que vou ter um futuro melhor, quero sonhar com um futuro melhor, quero ser o futuro.
Saudade, uma palavra tão gostosa e tão vil ao mesmo tempo, a saudades nos faz perceber o quanto gostamos de alguém, mas também no permite sofrer.
Tento equilibrar o sofrimento de sentir saudade e gostar.
As vezes sou grosso, as vezes sou arrogante, mas de certa forma tem sentido eu ser assim, pra quem vê pode ser que não, mas agüentar essa pressão que explode minha cabeça certas horas é complicado, tente entender o que é um forasteiro numa selva de pedras?
Sou poeta, sou ator, sou um dos palhaços do circo de solé, não escrevo como vejo, afinal sou do interior, e escrever em outro idioma é coisa pra você que se considera um culto e pesquisa sobre teorias da conspiração.
Tem razão quem usa a razão e usa a razão quem não tem razão, afinal razão certas horas é irracional.
Saudade, irracional, mas ao mesmo tempo racional, eu tenho saudade, sou racional, mas a abstração desse sentimento me faz irracional.
Sou irracional, tenho saudade, sou irracional, sou um animal, tenho instintos, sofro com a carência da minha casa, sofro com um animal longe da sua mãe.
As vezes o sofrimento é bom, as vezes nos faz perceber o quanto gostamos de quem sentimos saudades, mesmo sofrendo.

Ass: Diogo Coelho

4 de março de 2008

Ilusões


O Fidel morreu.
Ou talvez tenha morrido apenas nos corações daqueles que ainda gastavam sua esperança numa ilusão comunista.
Há também os que se iludem achando que com a debandada de Fidel a democracia irá se instalar de um dia pro outra e Cuba será um lugar justo e próspero.
O Mundo, inclusive, adora uma ilusão.
Toda semana leio a revista Veja, a mais vendida do país. Detesto a escrita de Veja. Pra mim, não passa de uma revista tendenciosa e “endireitista”. O que me espanta, no entanto, é que os colunistas e os editores de Veja, especialmente o Sr. Diogo Mainardi, escrevem e se comportam como se tivessem vivido toda a sua vida no governo Lula, e aguardam (assim como alguns cubanos aguardam a democracia) uma vitória do PSDB em âmbito nacional.
Mas considero essa reação normal, afinal, todos nós gostamos mesmo é de uma grande mentira.
Uma grande ilusão. É isso que nós gostamos de crer.
Os Holandeses e os maconheiros acreditavam que a legalização da droga iria resolver os problemas, no entanto o resultado foi o aumento nas prisões por tráfico de cocaína. Falo isso de carteirinha, pois essa sempre foi nossa realidade. Acreditávamos que nossa grande liberdade iria resolver nossos problemas.
Prostituição legalizada = aumento no tráfico de mulheres.
No fundo, todos sabíamos que o buraco sempre foi mais embaixo, mas assim como o Mainardi, sabemos que acreditar em Coelhinho da Páscoa, ao invés de saber que papai e mamãe foram quem compraram os Ovos, é muito mais prazeroso.
Isso até saiu na Veja essa semana. Isso mesmo, a mesma Veja que acredita em um Brasil melhor com os tucanos.
Eu, sinceramente estou esperando.
Esperando Mainardi chorar suas pitangas no próximo governo.
Esperando os Maconheiros chorarem pois sua erva foi legalizada e aquele discurso sem nexo de que a “legalização acabará com a violência” não deu em nada.
Esperando essas ilusões sumirem e daqui à algum tempo as próximas povoarem as cabeças humanas:
“Esperem até o governo PT surgir e acabar com essa bandalheira dos Tucanos”
“Esperem até proibirmos essa droga!! A violência acabará”.


Ass: Regies Celso

Reflexões de um andarilho



Inclino meu corpo em meio ao que vejo, linda essa bossa nova que escuto, sonho com esta canção de esperança.
São só memórias de um andarilho, são só palavras de alguém que você provavelmente considera louco, sujo e ladrão.
Em cada canto do mundo pude lastimar minha existência por causa de vocês, nunca me vendo, sempre com medo e esperando que eu suma.
Se esquecem que “um rei pode fazer um passeio pelos intestinos de um mendigo.” já dizia Hamlet, pode-se pescar com um verme que tenha comido de um rei e comer o peixe que se alimentou desse verme.
Sou o que sou, escolhi ser assim, só um intelectual sujo desenhando sua aventura no livro da vida.
Já você me vê como o anti-reflexo de sua própria imagem.
Saio por ai divagando, tentando entender a mística misteriosa que envolve o universo, tentando fazer o futuro melhor.
O que aconteceu com as pessoas? Não entendem que uns tem a vontade dos filósofos de sair por aí e tentar entender o que você nunca quis compreender?
A vida é assim, não entendem que as vezes é preciso largar tudo para conseguir ganhar o todo!


Ass: Diogo Coelho

3 de março de 2008

Sei


Fale-me de seus problemas que eu te ouço.
Me fale que você não consegue fazer o que quer porque se sente culpada.
Me fale que você só erra porque morre de medo de acertar.
Conte-me de todos os seus dias vazios com lembranças de um milhão de bocas.
Me conte que você é capaz de tudo para ser cada vez mais infeliz pois tem medo da felicidade.
Me diga agora que você está sempre cercada de muitas pessoas que são apenas sorrisos porque quando você se deita, nenhuma dessas seria capaz de ouvir seus choros com um olhar compreensivo.
Me lembre hoje que você faz todos olharem para você para que todos percebam que você não precisa de nenhuma deles.
Me conte de todos os seus erros.
Me conte dos seus medos e angústias.
Me leve pro seu mundo imperfeito e vazio.
Me busque na minha solidão para que eu me junte a sua.
Me tire do meu mundo sincero e me leve pro seu mundo.
Me conte tudo isso.
Fale comigo de todos os seus problemas e medos.
Com um olhar compreensivo ouvirei tudo aquilo que já sei.
Hoje é o dia que eu, em todo meu ceticismo amoroso cúmplice de minhas empreitadas faltosas, olho para trás e agradeço as minhas lembranças cheias de (pleonasmo) lembranças.
Nenhuma lembrança ruim irá me assombrar nesse dia tão especial.
Hoje meu coração confuso de pedra sabão se apaixona por meus erros.
Me xingue por ser um grosso cheio de manias estranhas.
Me corrija se eu estiver sendo um idiota.
Me olhe nos olhos, se você conseguir fazer isso sem tampar os olhos com suas mãos delicadas ilusionistas.
Me ligue agora, pois eu quero o prazer de ouvir sua voz embargada de lágrimas.
Me deixe praticar todo meu sarcasmo em cima de seu rosto.
Me chame agora para seu mundo imperfeito e cheio de mágoas e problemas.
E Tchau!

Ass: Pedro Gazzinelli