28 de janeiro de 2008

Coragem



Gritos de um quarto não param de me incomodar.
Sinto um sufoco de dentro do porão da minha alma.
A necessidade de ajudar me puxa como um imã para a porta trancada.
Preciso de coragem para desbravar o interior fechado.
Preciso saber o que está acontecendo dentro daquele retiro misterioso.
O que fazer?
Desafiar a mim mesmo e tentar entrar, ou fugir como covarde?
Atravesso o lago de sentimentos sem dar uma moeda a Carontes
Sei que posso estar armando minha cruz, mas prefiro lutar do que ser sempre taxado um ser amendrontado.
Busco conselhos no meu inferno interior, pois é lá que fica a coragem, trancada em uma gaiola dentro do meu coração para se tornar dificil de ser achada.
Essa é uma guerra que nem os mais fortes e os maiores podem vencer com a força física.
Essa é uma guerra que deve ser vencida com retidão.
O guerreiro em busca de algo melhor, lutando pela coragem.
De repente abro a porta, e o que vejo lá dentro me surpreende.
Os gritos eram meus, pedindo ajuda, finalmente pude me ajudar.
Achei a coragem para desafiar o mundo.


Ass: Diogo Coelho

23 de janeiro de 2008

Camaleão



Não sei o porque de palavras cheias de veneno para me derrubar.
Não sei quanto tempo vou durar nessa guerra verbal.
Sempre sou atacado com duras frases que me puxam para o inferno astral.
Convicto de que sou inocente, olho em volta e vejo arranha-céus tocarem o infinito.
Tento me recuperar fingindo ser grande, um camaleão fora de seu habitat.
Um ser que não consegue se camuflar, que acha que está invisível para todos mas no fim esta se expondo mais do que nunca.
Tento lhe mostrar o quão errada você está, tento te fazer entender que tudo não passou de um mal entendido, tento desesperadamente abrir seus olhos, porem a cada minuto que passa são os meus que estão se fechando.
Sou um catador de sonhos, afinal é só isso que posso ser, pois a realidade não pode ser apanhada, deve ser sofrida no fundo da alma, deve ferir a carne que você começou a machucar.
Minha realidade é o sofrimento de suas palavras amaldiçoadas.
Minha realidade é o tormento infinito que você causou com suas atitudes.
Me restam os sonhos, isso é se conseguir sonhar com essa dor absurda que toma conta do meu corpo como um câncer.
Tenho que ser aquele que pega os sonhos para sonhar, afinal sonhar diferentemente da realidade não machuca ninguém, pelo contrário, é a melhor forma de me esconder de quem já me machucou, afinal sou um camaleão.


Ass: Diogo Coelho

Gesticule


Lembro-me de todas as suas risadas que me enchem de esperança para que eu acorde vendo elas bem próximas de mim.
Eu saboreio todas elas, já que gosto de sentir o gosto das coisas.
Você, assim como eu imaginava, me entretem com seus gestos que nada significam, mas eu fantasio situações para que eles me atendam da maneira que eu melhor entender.
Leve.
Minhas recordações não me remetem a você, mas sempre me policio para que você se torne parte das minhas recordações, vivas ou não, para que seu rosto não se torne apenas mais uma lembrança cinza, que eu não conseguiria mais distinguir das demais.
No entanto, seus gestos são apenas os mesmos, e sou eu quem tento transformá-los em distintos para que, dentro de mim, você seja diferente.
Gesticulando como as demais, eu me vanglorio de ter nos meus braços os mais belos gestos que já vislumbrei.
Os seus, e os iguais aos seus, mas que serão sempre diferentes dentro de mim.

Ass: Pedro Gazzinelli

4 de janeiro de 2008

Será?


Será que eu preciso mesmo de me extravasar disfarçadamente para que me expresse melhor do que qualquer palavra transcreveria?
Será que meus dilemas serão absortos pelas palavras alheias que esmagarão minha boca imunda de tristeza?
Será que conseguirei resolver qualquer problema expondo minhas revelações impressionantes?
Será quando tomarei um imenso soco na cara e acorde para as minhas reais idéias?
Será quando você, minha inspiração mutante, se materializará em um acontecimento marcante?
Será que você, essa inspiração fugaz e instigante, se inspirará em mim para proferir algo bonito?
Será que eu te seguirei eternamente em busca da minha fidelidade espontânea?
Ou será que eu buscarei eternamente pela declaração perfeita?

Ass: Pedro Gazzinelli