20 de março de 2007

Gelo...Doce.


Foram anos pensando que aquela doçura era a coisa mais amável do mundo.
A mais adorada.
Os anos até lhe convenceram que aquilo de fato era verdade.
Uma doçura, uma generosidade...
Mas foi uma vez, quando lhe disseram que as vezes os doces lhes enjoavam, e lhes davam sede, foi que ele reparou que de fato a sede existia.
E mais, só conseguia saciá-la com gelo. Muito gelo.
Foi então que lhe passou pela cabeça que muitas pessoas que lhe eram freqüentes na vida não gostavam de doce, mas em compensação lhes agradavam a sensação de gelo na boca.
Era engraçado para ele entender que nem todos gostavam de doce.
Mas PORQUE não gostavam do sabor duradouro e marcante do doce e gostavam do sabor e da refrescância passageira do gelo?
Foi então que lhe ocorreu uma idéia genial.
Já que percebeu que muitas pessoas não gostavam do sabor marcante e perseguidor dos doces, passou a tentar agradar à aqueles que preferiam a refrescância passageira do gelo.
Mas o comportamento daqueles que simpatizavam com aquele prazer fugaz do gelo não lhe era confidente.
Então ele percebeu que não poderia mais tentar fingir que lhe agradava o sabor fugaz do gelo se lhe era tão irresistível o sabor marcante dos doces.

Ass: Pedro Gazzinelli de Barros.

12 de março de 2007

O Chão Duro


Era uma confusão, sempre rodeado de vozes.
Uma vez acordei e me vi sozinho em um dia desses dias belos que fazem sol e de repente uma tromba d’água insere-se sobre as nossas cabeças.
Insurgindo sobre um dia perfeito caí as gotas de pensamentos ruins.
Escuro.
Meu corpo era êxtase sem tato.
Inerte.
Acordo em um lugar em que minhas costas doem, mas por incrível que pareça a dor física que presenteia o meu dia não me incomoda.
Pelo contrário, agradeço aquele inevitável incomodo que me lembra que eu estou vivo.
Sinto então uma gargalhada vindo de bem longe e que me soa familiar, uma familiaridade que me confunde.
Quando me levanto vejo que o céu que vejo agora não é azul como antes. Aquele azul era diferente.
Mas o que me chama atenção é que sua tonalidade não apresenta mais nuvens prestes a desabar...
Eram aquelas trombas d’água que me perseguiam.
Que ali não podiam me alcançar mais.
Então me virei de volta ao meu chão duro, e meio sem voz, aquela um tanto quanto rouca e cansada, consegui dizer.
Obrigado.



Ass: Pedro Gazzinelli