8 de outubro de 2010

Sob a ótica do apaixonado pela crítica.





Quando paro para pensar em política há uma introspectiva minha em relação as minhas lembranças mais distantes, como a eleição de 1989, e como eu venho me posicionando a respeito delas ao longo desses 21 anos. Nasci em 1986, e, claro, não acompanhei bem essa eleição, mas me lembro do impeachment do Collor como se fosse hoje. É uma de minhas lembranças mais remotas, me lembro disso como um dos primeiros fatos da minha vida.

É claro que o fato de saber de cor o dingle do Paulino, aquele do “abraço”, do “15 de Zé Alencar, é o 15 de Itamar...”, “é 40, confirma, é Célio” dentre inúmeros outros, contribuiu, e muito, para que eu entrasse no curso de Direito. Só hoje tenho essa consciência de que essa minha fixação política me levou a seguir esse caminho. Sempre fui PT. Hoje em dia é pecado mortal apoiar Dilma, e os 80% de aprovação do Lula me parecem invisíveis pelos que me cercam. O caminho que a política percorreu ao longo da longeva eleição até a que estamos presenciando me fez desfazer em minha cabeça qualquer pensamento em relação a, basicamente, credibilidade de qualquer espécie de legenda, partido e coligação. Não tem lógica alguma. Não preciso me estender muito nesse assunto para me faz explicar, porque os fatos estão escancarados em qualquer imprensa me confirmando. Não me prendo mais em partidos. Partidos não existem, o sistema eleitoral proporcional é um lixo, confunde e emburrece o eleitor cada vez mais e mais, a ponto de ninguém saber nem mais se o candidato em que votou foi eleito ou não.

Os males e as mazelas do Brasil não são de hoje. O Collor não conseguia governar porque não tinha maioria no Congresso. A maioria no Congresso hoje pertence às grandes coligações, que se elegem em massa através do voto eleitoral e dos puxadores de votos, que se elegem, com mais alguns na carona. Seria interessante essa lógica do sistema proporcional se houvesse, de fato, identidade partidária. O voto eleitoral foi criado para tal fim. Valorizar o partido. O mandato não é do candidato, é do partido. Tudo bem, mas não há nenhuma lógica, hoje em dia, em acreditar que os grandes candidatos tem identidade partidária. Não tem. Ninguém tem.

A crista da onda, Marina, que era do extremo PT esta próxima de se aliar ao PSDB. Ela está certa? Não sei, mas, acima do direito de repensar sua posição, que é legítimo, há um fato interessante quando se observa que por um objetivo político, as coligações são formadas, descrendo qualquer ilusão de oposição real no Brasil. Um exemplo claro, para nós Mineiros, foi o apoio de Jô Moraes, militante ferrenha do PC do B, ao canastrão do Leonardo Quintão, do PMDB, que por sua vez era apoiado pelo Newtão, velho conhecido nosso, de passado e presente pouco nobres e fortuna inexplicável de alguns bilhões. Bilhões. Porque? Porque do outro lado dessa eleição para Prefeito de Belo Horizonte havia o Márcio Lacerda, que acabou vencedor, do PSB, apoiado pelo então Governador Aécio Neves, do PSDB, e pelo então Prefeito Fernando Pimentel, do PT. Abre aspas: Nessa eleição de 2010 ambos foram candidatos a Senador e Aécio apoiou Itamar, que foi eleito junto com ele. Pimentel não.
Então, vejamos: PT e PSDB juntos, depois separados, PMDB junto com o PC do B, e depois somos empurrados pelo voto proporcional, que nos faz engolir, goela abaixo, a tal identidade partidária, que nos empurra candidatos que desconhecemos a nossos representantes no grande congresso de despachantes que virou o Congresso Nacional.

O sistema de leis é falho, pois hoje em dia quem legisla as questões realmente determinantes, e daí se exclui a criação do dia do Atlético Mineiro, dia do isso, e dia do não sei aquilo, é o Executivo, que elabora as leis, de acordo com seus interesses governamentais, e envia as Emendas Constitucionais, as Leis Ordinárias que alteram alíquotas e criam Tributos, enfim, o que importa, e por meio de um de seus despachantes, e daí, leia-se, deputado da base governista, as envia como proposta de leis, e as aprova, com sua maioria congressista. Maioria essa formada, diga-se de passagem, por aqueles que desconhecemos.

Tudo isso me leva a crer qual é, de fato, o futuro do Brasil a partir de agora. O grande trunfo do Lula de não modificar, em tese, a diretriz econômica, é uma crítica positiva da crítica da Presidência. Opositores ferrenhos do PT, como a revista Veja, afirmam que a única coisa boa do governo atual é a estabilidade econômica. Acredito que nenhum dos candidatos a Presidência, hoje em dia, ousaria em alterar o rumo natural de abertura do mercado. As privatizações, quando bem feitas, são ótimas para o desafogamento da máquina estatal, dos custos operacionais, bem como aperfeiçoam a eficiência de produção.

Qual a lógica da identidade partidária agora? Que rumo vamos tomar? O PT é muito diferente em sua roubalheira ao DEM, aliado do PSDB de Serra, com seus Arrudas, ACM’s e cia?

Que rumos vamos tomar frente a essa grande descrença em relação aos nossos representantes, como as eleições de Tiririca, Newton Cardoso, e demais picaretas, e de Weslian Roriz disputando o segundo turno pro governo do DF?

Como vamos nos decidir entre o bem e o mal, entre a mãezona do Brasil e o workaholic preparadíssimo?

Como vamos nos portar diante desse circo que vem sendo armado hà anos e anos na nossa fuça, e que, no fundo, todo mundo toma whysky com todo mundo e não precisa nem ler do que se trata.


É de chorar.



Ass: Pedro Gazzinelli de Barros

Nenhum comentário: